delírio xispiriano
comer, dormir, mais nada. imaginar que um sonho põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne. é solução para almejar-se? comer, dormir, acordar. talvez foder, talvez amar. e é aí que bate o ponto. por não sabermos que pode nos trazer o eterno sonho da vida, quando por fim todas as possibilidades se desenlacarem nos pondo no stand-by incerto da morte exata. é esta idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão curta. pois quem toleraria o frenesi aleatório do universo, a indecisão dos fatos, a cólera soberana das leis da natureza e o nada saber de anos acumulados que apenas esboçam a pilha gigantesca que deles sobre nós se apinhará senão por temer algo em se deixar foder? para que o martírio de uma existência indefensável se o perigo no fim do punhal é simplesmente o perigo de estar.
pode vir, inferno astral. let’s see who’s gonna raise hell.
26.11.2002